Re(descobrindo) amor

  Acordei pela manhã com a luz do sol invadindo o meu quarto. Peguei o celular e como de costume, fui logo ver se havia alguma mensagem Dele. Não havia. Merda. Sabia que o meu dia não iria ser bom. Preciso urgentemente parar de fazer minha felicidade depender de alguém. 
  Levantei, me arrumei e fui para o trabalho. Para variar estava um pouco (25 minutos) atrasada. É muito difícil ter que suportar um senhor barbudo, com aparência nada agradável, falar mil vezes na sua cabeça que o relatório tem que ser entregue o mais rápido possível. Eu estou realmente ficando cansada disso tudo. O meu salario é bom, tenho um apartamento, moro sozinha e tenho um gato de estimação. Tenho tudo para ser muito feliz. Parece que estou até desencalhando e vou viajar para a Califórnia, no meio do ano. Mas, as vezes, eu me sinto incompleta, me falta alguma coisa. 
  No final do expediente, fui a cafeteria que fica bem próxima do meu apartamento, onde fazem maravilhosos cappuccinos. Sentei-me sozinha, como sempre para ler. É um lugar bastante agradável. Repentinamente, um rapaz muito elegante que usava um terno preto e gravata listrada (fico encantada por homens que usam gravata listrada) sentou-se ao meu lado. Cumprimentei-o e ficamos conversando por um bom tempo (exatos 47 minutos, e sim, eu contei). Nós falamos sobre séries, Beatles, viagens para a Europa e gatos. Trocamos nossos números de celular. Há muito tempo não tinha uma conversa tão aprazível como aquela. 
  Cheguei em meu apartamento, fiz o que tinha de ser feito e fui para a cama. Me lembrei que não entreguei o relatório a tempo. Para falar a verdade, não estou me importando. Não me importo mais com aquele Barbudo infeliz. Hoje me importei só comigo e comigo mesma.
  Algumas semanas depois... Meus pais vieram me visitar e cozinhei para eles (não estou mentindo, por incrível que pareça). O tal do rapaz elegante da cafeteria me ligou e nós saímos para jantar. Ele é muito conquistador. Eu “to na dele”. Acho que me ferrei. Pedi demissão do emprego e fui fazer o que gosto. Comecei a me dedicar profissionalmente ao hobby que eu tanto amo, fotografar. Estou me sentindo realizada. Emprego novo, boy novo, dvd’s novos e vida nova. A partir de agora eu não preciso mais receber alguma mensagem para o meu dia ser bom. Esqueci o que me faz mal. Acabei descobrindo o que faltava em mim. Faltava um pouquinho de amor próprio. A vida é uma só. Tenho que fazer o que me faz feliz. Estou aceitando qualquer tipo de mudança. A partir de agora vou fazer o bem para mim, e isso fará o bem para as pessoas em minha volta.
Califórnia que me espere!