Em alguma manhã de terça feira




  Eu sabia que as coisas não iam bem. Ele chegou logo pela manhã batendo a porta. Entrou no quarto, abriu o guarda-roupa e colocou tudo dentro da mala, sem dizer uma palavra. Eu tinha que deixá-lo ir, por mais que minha vontade era largar esse orgulho de lado e dizer o quanto eu o amo e que ele não precisava fazer aquilo, muito menos daquele jeito. Mas eu entendi e deixei-o ir. Sem nenhum rancor. Se ele acredita no meu amor e na nossa cumplicidade ele volta. Se ele voltar é porque é meu, como naquela frase clichê.
  Deixei ele sair do quarto no mesmo silencio que chegou. Ouvi o barulho do carro saindo. Uma lágrima caiu. Me virei para o outro lado da cama e tentei dormir. Não foi fácil, mas tive que ser forte. Mal consegui fechar os olhos. Dormir naquele momento iria ser praticamente impossível. O jeito é encarar a realidade e esperar. Esperar por ele, até porque já não via a hora de vê-lo entrando por aquela porta com aquele sorriso, me dando o melhor abraço do mundo. Estando no lugar onde ele nunca deveria ter saído. Da nossa casa e meu (seu) coração.
  Quando se trata de amor, pra mim, tempo não se torna um problema. Estava disposta a espera-lo, mesmo se for rotulada de boba por isso. Tento resolver os problemas que surgem do jeito que posso, mas nem sempre consigo. Aí cada um precisa do seu próprio tempo pra si mesmo. Foi isso que o deixei fazer.
  E dentre esses e tantos outros pensamentos de uma manhã de terça feira, peguei no sono. Sem mais nenhuma lágrima. Seria desperdício.
  Daqui a pouco ele volta. Pro seu amor. Pro meu (seu) coração. Pra nossa casa. Em qualquer outro dia ou em alguma manhã de terça feira.

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